Tecnologia, criadora de movimentos sociais

Fonte: Meio&Mensagem
Marketing & Negócios

Redes sociais estão levando a humanidade de volta às pessoas. É o que afirma Jack Dorsey, cofundador do Twitter, no último dia do encontro da Clinton Global Initiative

Alguns podem sustentar que a tecnologia tem isolado as pessoas, levando indivíduos a permanecerem mais tempo dedicados ao computador do que à vida lá fora. Mas não é assim que pensa Jack Dorsey, cofundador do Twitter. Em sua visão, a mídia social está trazendo a humanidade de volta às pessoas. Isso porque, por meio das mensagens propagadas – em seu site, por exemplo – estimula-se a troca de opiniões e a mobilização em torno de atividades, como as de cunho libertário ou em prol de uma causa.

Dorsey foi um dos palestrantes da sessão plenária focada em mais uma das grandes áreas eleitas pela organização do sexto encontro anual da Clinton Global Initiative (CGI): a ampliação de acesso à tecnologia moderna. O evento, que termina nesta quinta-feira, 23, em Nova York, desenvolveu painéis específicos para debater assuntos como o empoderamento de meninas e mulheres, a busca por soluções baseadas nos mercados, o estímulo ao florescimento do talento humano e esse, que aborda o mundo digital.

No palco, junto com Dorsey, estavam Ratan Tata, chairman da corporação Tata Sons, John Chambers, CEO da Cisco, Ory Okolloh, fundadora de um site que dá voz à população no Quênia (Ushahidi), Zhengrong Shi, CEO da Suntech Power Holding (fabricante de painéis solares na China) e a jornalista Krista Tippet, autora de American Public Media.

Todos os palestrantes foram unânimes em ressaltar o papel da tecnologia, em especial das ferramentas que ampliam as conexões entre homens e mulheres, como forma de promover o crescimento econômico. “O vídeo se tornou a nova voz das pessoas. Estamos numa fase de mudança de direção, e isso vem pelos consumidores. Sou um otimista em relação ao que a tecnologia pode proporcionar”, declarou Chambers.

Para ele, o poder da colaboração (incentivado pelo avanço tecnológico, sobretudo o da internet e da telefonia celular) representa uma das mudanças mais importantes na sociedade desde a revolução industrial. “A tecnologia nos permite mudar a vida das pessoas em uma tremenda velocidade. Esse ritmo é ainda mais veloz do que se via dez anos atrás. E ela permite que grupos trabalhem em conjunto com outros grupos”, acrescentou o CEO da Cisco. Com ele concordou Ratan Tata.

O cofundador do Twitter fez outra observação. Em função de terem suas vozes amplificadas, os consumidores passaram a ser mais percebidos pelo mundo corporativo. “As empresas estão se tornando melhores ouvintes”, afirmou. Ele salientou ainda que o Twitter é uma plataforma para construir movimentos sociais, esclarecendo que o acesso a esse tipo de tecnologia é muito simples e permite o compartilhamento de opiniões.

Além disso, Dorsey disse que a rede social incentiva a transparência, já que os internautas têm meios de encontrar informações – separando o que é relevante – e cobram atitudes das companhias. “A tecnologia é fantástica quando reflete a nossa humanidade. Essa é a melhor parte, quando nos traz de volta esse lado humano. A tecnologia é engajadora e inspira ainda mais engajamento a partir do posicionamento das pessoas.” E justificou: “Uma mensagem no Twitter pode disparar mais e mais interações. E levar a uma interação cara a cara.”

Ory Okolloh comentou que a criação do site no Quênia facilitou que as pessoas disponibilizassem informações, checando o que era verdadeiro em relação ao que governos e mídias propagandeavam. O projeto Ushahidi nasceu em 2007 em meio a um cenário de extrema violência em torno do período eleitoral.

Com tudo isso, estava claro que não haveria como questionar o papel do avanço tecnológico na promoção do desenvolvimento humano. A outra pergunta, então, só poderia ser a respeito das barreiras que limitam o acesso das pessoas a internet de boa conexão e a outros produtos, como os painéis solares da Suntech. “Custos e políticas governamentais”, respondeu Zhengrong Shi. Ory apontou que, mesmo com o crescimento da banda larga em celulares, essa ainda não é a principal fonte de acesso à web. “Precisamos de equipamentos mais baratos, como computadores e laptops. Precisamos de tablets, como o iPad, que sejam vendidos a preços mais acessíveis”, ponderou. Chambers reforçou: “A banda larga em custos mais compatíveis é um dos grandes desafios”.

*A jornalista viajou a Nova York a convite do Grupo ABC.

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