Marketing sob a lente das Artes

Fonte: CidadeMKT

Pensar sobre o que é normal e questionar parâmetros habituais enriquecem as campanhas de comunicação.

Está aberta a temporada à reflexão sem limites e às provocações que a Arte nos propõe. Desde o último sábado, dia 25/09 e até 12/12/2010, pode-se conhecer as obras de 160 artistas e seus inúmeros estímulos e pontos de vista criativos e inusitados. Vale a pena observar com carinho, algumas instalações que nos convidam a refletir. Esta 29ª Bienal retoma com força e diversidade, o conceito de que Arte e Política caminham juntas e que muitas vezes a mensagem sensorial da primeira é sobreposta às informações reais da segunda.

Aliás, em Marketing isto também ocorre quando percebemos a sobreposição do Produto em detrimento do Consumidor. Tomemos três exemplos presentes na exposição e que nos remetem a esta percepção.

Uma das instalações mais perturbadoras da mostra, chama-se "Sobre este Mundo" e foi concebida pela mineira Cintia Marcelle. A instalação é formada por uma lousa e amontoados de pó de giz, surgidos da atitude obsessiva da artista em escrever e apagar milhares de vezes, frases dispersas pelo quadro. A obra fala sobre comunicação e a falta dela, bem como sobre a importância e a inutilidade da educação formal. É simples e eloquente.


"Sobre este Mundo" nos convida a refletir sobre nossas atitudes repetidas e impensadas que geram volumes de produção e conteúdo questionável. É um "prato cheio" para pensarmos sobre a qualidade dos briefings que temos criado, do planejamento de campanhas que temos proposto e das próprias ações que muitas vezes são incapazes de romper uma zona de conforto para atingir resultados melhores.

E por falar em prato cheio, a segunda obra que nos chama a atenção foi batizada de "Arroz e Feijão", concebida em 1979 pela italiana Anna Maria Maiolino. Somos convidados a entrar numa sala de jantar na qual uma mesa está preparada com pratos, talheres e guardanapo. Dentro dos pratos, grãos germinam durante a exposição.




A obra é um convite para refletirmos sobre o teor vital das campanhas que realizamos. São campanhas vivas ou cozidas, requentadas com os "restos" de projetos anteriores?

Manter o frescor das campanhas, agregando a elas novos temperos vindos de pesquisas, sondagens sobre concorrência e prévias junto ao consumidor é atitude fundamental para o sucesso da ação. O público agradece com olhares e expressões de surpresa e satisfação. 

Aliás, surpresa é o sentimento que mais nos visita durante a exposição. Surpresa perante o inusitado, perante fatos que desafiam as leis da física. Nos "350 Pontos Rumo ao Infinito", Tatiana Trouvé apresenta-nos fios de nylon com pesos na ponta. De diferentes formatos, pendem do teto, mas seguem em sentidos deslocados do eixo de 90º, graças a forças magnéticas escondidas sob o piso. Essa disposição leva o espectador a pensar, afinal, o que é normal.


Pensar sobre o que é normal e questionar parâmetros habituais enriquecem as campanhas de comunicação. Se normalmente adotamos roteiros de script, variáveis para a composição do perfil do consumidor e benefícios genéricos para as ofertas, precisamos avançar nos aspectos menos comuns, menos normais e, por consequência, mais segmentados e dirigidos.

Tudo isso contribui para que o nosso trabalho ganhe vida e diminua a exaustão. Desloca-nos das rotinas tradicionais e quase burocráticas para nos remeter ao estado da Arte, mundo desconhecido, provocativo e cheio de oportunidades.  Visite a Bienal de São Paulo e mergulhe nesse universo de referências.

É nesse sentido que o título dado à exposição, "Há sempre um copo de mar para um homem navegar" - verso do poeta Jorge de Lima tomado emprestado de sua obra maior, Invenção de Orfeu (1952) -, convida-nos a buscar novas referências neste mar de possibilidades e informações que nos inunda e constroi.

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