O Marketing Político Digital nas Eleições de 2010

Fonte: O Povo

O Marketing Político Digital nas Eleições de 2010

Passado o primeiro turno das eleições, algumas observações podem ser feitas, considerando tanto o pleito estadual, como também a corrida à Presidência. Neste ano já houve uma importante modificação na legislação eleitoral, que passou a permitir as campanhas na web, através das mídias sociais e outros recursos, ao contrário de 2008, quando apenas foi permitida campanha via sítio dos candidatos. É fato também que a expectativa era de um impacto maior da web em 2010. Entretanto, alguns sinais já podem ser percebidos, no sentido de que as mídias sociais tiveram, sim, sua contribuição positiva à disputa eleitoral deste ano.

No Estado

No Ceará, a candidatura majoritária que melhor utilizou a internet foi a do governador Cid Gomes. No Twitter, a campanha de Cid optou por criar um novo perfil para o candidato (@cidgomes40), uma mudança acertada que, ao mesmo tempo, serviu para focar o eleitor no número de sua candidatura e marcou a transição para o início do período eleitoral. Embora o governador tenha utilizado muito pouco sua conta pessoal (@cidfgomes) no período de eleição, viu-se que o seu comitê de campanha teve sempre o cuidado de atualizar o perfil da candidatura, diariamente, além de diversificar os inúmeros recursos disponíveis, como Flickr, Youtube e Foursquare. É certo que estes e outros recursos comportariam uma utilização maior, mas comparado à campanha dos adversários, foi bastante superior. Ou seja, embora não se podendo medir de forma precisa qual o quinhão exato do marketing virtual na reeleição de Cid Gomes, a percepção de um impacto superior na internet já estava manifesta na adesão dos eleitores on line, em contraponto à dos demais candidatos ao governo do Estado, que sequer empolgaram. Mesmo não tendo sido primoroso, o marketing digital da candidatura de Cid Gomes, soube dar o o seu recado. E saiu vitorioso.

No Brasil

Já a corrida presidencial merece um destaque maior quando analisamos o resultado do primeiro turno. Se houve uma campanha que conseguiu se valer melhor dos humores e recursos das mídias sociais, em especial do Twitter, foi a de Marina Silva e sua chamada "onda verde". Em busca principalmente de eleitores descontentes com a polarização das candidaturas de Dilma e Serra, a campanha atingiu em cheio usuários indecisos em busca de uma nova proposta. No Twitter há muitos formadores de opinião e a reação de Marina, na reta final, não passou despercebida, repercutindo bem nas urnas. Os termos #marina43 e #ondaverde ganharam os TT's (Trending Tropics, palavras mais comentadas), enquanto os adversários, na disputa pela liderança, não empolgaram a militância nos embates virtuais, além dos ataques mútuos. Talvez tenha faltado um pouco mais de tempo à campanha de Marina Silva, mas a quantidade de votos que recebeu, mesmo dispondo de um tempo diminuto na mídia convencional, mostrou que ao menos online, teve sucesso. 

Perspectivas

Em resumo, há ainda um grande caminho a se percorrer para o uso otimizado da nova linguagem digital, especialmente com o intuito de aproveitar a segmentação do eleitorado presente nas diversas mídias e redes de uma maneira mais eficaz. Uma parte das candidaturas, quando o fez, utilizou a internet como se estivesse fazendo um "bandeiraço", ou distribuição de "santinhos" virtuais: um erro estratégico, em função da linguagem peculiar do meio e também do nível de exigência dos eleitores. Um deslize que ainda será repetido ad nauseam, infelizmente, pois embora os recursos sejam imensos, alguns de seus operadores não entendem, por completo, suas idiosincrasias. Mal comparando, como se fossem um assessor que recebe um um tablet para iniciar uma campanha, mas resolvem utilizar o artefato como peso de papel de cartazes empoeirados.

Antenados: Gestores Públicos na Rede

No mundo político do Ceará, um dos gestores que se adaptou bem às redes sociais, é o Secretário do Esporte do Ceará, Ferrúccio Feitosa (@ferrucciopetri). Ele é um bom exemplo de como saber conciliar o seu perfil no Twitter entre o público e o privado, quando faz comentários de cunho pessoal ou acerca de eventos ligados à sua Pasta. Os beneficios são mútuos quando um homem público abre um canal de comunicação de fácil acesso, como são as mídias sociais hoje em dia, pois tanto o cidadão tem a oportunidade de interagir com seu representante, como também possibilita ao administrador uma forma de prestar contas e tornar públicos os seus atos.

No caso de Ferrúccio, um pequeno exemplo que nos chamou a atenção no Twitter, merece destaque: há alguns meses, um grupo de atletas resolveu protestar pela falta de policiamento na então recém-inaugurada Ponte do Rio Cocó. Em vez de esquivar-se ou recorrendo à desculpa de que não seria responsabilidade direta de sua Pasta, no dia seguinte ao protesto ele já informava (também pelo Twitter), que o policiamento diário já havia sido designado para o local após conversa sua com o Comando da PM. Enfim, são pequenos exemplos como este que denotam a importância e o dinamismo da rede, em contraste com a morosidade da burocracia estatal. Em conversa conosco, o próprio Ferrúccio destacou a eficácia dessa maior proximidade, ao ressaltar que muitas ações de sua pasta acabam sendo pautadas por notícias que lhe chegam pelo seu perfil, também abastecido diariamente com fotos e vídeos de suas ações no Governo e eventuais acontecimentos de sua vida pessoal.

A utilização do Twitter numa discreta simbiose entre o público e o privado, trata-se de uma tendência mundial e talvez sirva como uma antítese à frieza histórica de governos passados. É certo que os governantes ousam, ao se expor mais ainda ao julgamento público pelas redes sociais, mas o contrário seria concordar com um afastamento inexplicável que a própria internet vem contribuindo para diminuir. E também torcer para que cada vez mais essa distância (virtual e real) diminua, à medida que mais gestores ousem e se espelhem em posturas benéficas como a do Secretário do Esporte alencarino e outros que já ingressaram de forma pioneira na rede.

Ritual de Passagem

Com o crescimento da venda de smart phones e tablets, aos poucos vai ocorrendo uma transição de mercado. No Brasil e no mundo, mais edições eletrônicas de jornais e revistas vão sendo lançadas, com inovações nos conteúdos disponíveis ao leitor, enriquecendo as matérias com recursos em vídeo, gráficos interativos, músicas e links para informações mais atualizadas. Ao mesmo tempo, lançamentos como o da Google TV, anunciado esta semana, embora busquem uma sonhada interação da TV com a internet, ainda deixam céticos os que apostam no contrário: uma migração dos conteúdos de TV para a internet, que sempre será mais dinâmica que uma programação não interativa da televisão que ainda conhecemos nos moldes de hoje. Recentemente, me chamou a atenção um anúncio que vi numa revista impressa, comemorando os 60 anos da TV no Brasil. Além do anúncio em si, do meio utilizado e escolhido, o logo da emissora saltava aos olhos de quem se preocupasse com detalhes, pois destacava justamente o endereço dela na web. Mesmo sabendo que as mídias irão coexistir por tempo indeterminado e da mesma forma que a televisão também não acabou com o rádio, creio que a corrida em massa das emissoras para expor o seu conteúdo on line, já me parece um reconhecimento tácito de que com o tempo a maior audiência da televisão será via internet. E não o contrário.

O Grande Encontro

No próximo dia 20 de novembro, quando acontece o Terceiro Tweetfor (@tweetfortaleza), no Marina Park Hotel em Fortaleza, um grupo de aficionados do aplicativo Foursquare tentará um feito inédito no Nordeste: reunir número suficiente de pessoas para conquistar um dos troféus mais cobiçados do jogo. Este colunista, um sortudo detentor de tal honraria, só conseguiu o cobiçado feito quando esteve no exterior, em função do maior número de adeptos, mas torce para que o crescente número de usuários consiga realizar a árdua tarefa. O Grupo, para os interessados, se reúne através do perfil @FourSquareCE, que também conta com links e matérias interessantes sobre a "febre" do momento.

O Foursquare, inclusive, é um dos melhores instrumentos de marketing moderno. Já citamos alguns cases anteriores em colunas passadas. Em vez de ir ao encontro de potenciais clientes, as marcas é que são procuradas pelos fãs do geolocalizador (que tem versões para Iphone, BlackBerry e Android), recebendo em troca, além de diversão ao mapear lugares e disputar prefeituras, ganham descontos e cortesias em alguns de seus endereços comerciais prediletos. Em tempos como estes, empresas cuja clientela atende a este perfil exclusivo, mas que ainda recorrem ao enfadonho email como maior (ou única) ferramenta de seu marketing digital, deveriam repensar a escolha de sua estratégia antes que suas marcas envelheçam.

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